O documento mais antigo alusivo à existência humana no atual município de Alexandria foi descoberto pelo historiador Dr. Antonio Fernandes Mousinho, na última década de 50. Trata-se de um velho tombo de demarcação, no qual, às fls. 13 e verso, em 26.09.1759, o preto alforriado José da Costa, analfabeto, pondo a mão direita sobre os santos evangelhos e jurando falar a verdade, afirmou contar a idade de 63 anos e morar na Fazenda Barriguda.
Intitulado por Dr. Mousinho Fernandes como “a certidão de batismo” de Alexandria, o antigo documento integra o acervo do MUSEU HISTÓRICO DE ALEXANDRIA, que será instalado pelo Instituto Zulmirinha Veras nos próximos meses.
Após profundas, criteriosas e reiteradas pesquisas junto a diversos documentos do Século XVIII, o advogado George Veras concluiu que a razão mais consentânea da primitiva denominação do lugar – Barriguda – deriva da serra localizada nas encostas da cidade.
Segundo o pesquisador, na obra já indicada, há mais de duzentos e cinqüenta anos, a pedra já era conhecida como Serra Barriguda, devido a sua parte frontal apresentar semelhança com o estado de uma mulher durante a gestação.
Então, sendo Serra Barriguda, e não Serra da Barriguda, a correta denominação da grande pedra que emoldura toda a cidade de Alexandria, inteira razão há para se atribuir ao mesmo acidente geográfico a origem da primeira denominação do lugar.
Pico de granito de idade pré-cambriana, com altitude de 602 metros, e altura de 310 metros, a Serra Barriguda é a maior referência, principal atração turística e eterno cartão postal de Alexandria, embora não constitua o maior acidente geográfico do município. Em 2007, a Serra Barriguda foi eleita 1ª das 7 Maravilhas do Rio Grande do Norte, em concurso realizado pelos Diários Associados (jornal Diário de Natal, DN On line e Rádio Poti).
A título de registro, convém mencionar que outra versão vincula a denominação à suposta existência, no olho d’água perene da serra, de uma árvore conhecida como Pé de Barriguda, da família das bombacáceas (Cavanilesia arborea), onde os boiadeiros e demais pessoas que transitavam pelo local voltariam suas atenções para o olho d’água e a árvore, indo dar de beber aos seus animais e desfrutar da sombra do Pé de Barriguda.
Mas, essa última versão não tem como prevalecer, notadamente diante dos documentos pesquisados, que indicam, claramente, que a Serra Barriguda, em razão do seu formato, foi que originou o nome do lugar, e não o contrário.
Por meio de lei datada de 12.11.1913, a Intendência Municipal de Martins atribuiu à povoação da Barriguda a denominação de Alexandria, homenageando, assim, a senhora Alexandrina Barreto Ferreira Chaves, esposa do então Desembargador e Senador Joaquim Ferreira Chaves Filho, ex-governador do Estado e, na época, recém-eleito para chefiar, pela segunda vez, o Poder Executivo Potiguar.
Nascida em 05.10.1854, no Sítio Curral Velho, então município de Maioridade (atualmente denominado de Martins) e hoje integrante do atual município de Alexandria, Alexandrina Barreto era filha de Domingos Velho Barreto e de Ignácia Francisca de Albuquerque Barreto.
Conhecida como pessoa bondosa, benfeitora e solidária, além de fonte inspiradora da grande maioria dos atos políticos e administrativos do seu esposo, Dona Alexandrina faleceu em 10.01.1921, às 11 horas, na sua residência, situada na Rua Conde do Bonfim, nº 70, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), vítima de moléstia de Addison, decorrente de uma gripe, sendo sepultada no Cemitério São Francisco Xavier, Caju, na então capital da República.
Por meio da Lei nº 572, de 3 de dezembro de 1923, o então governador Antonio José de Mello e Souza elevou a povoação de Alexandria à categoria de vila, mantendo a denominação.
Como conseqüência do desenvolvimento do lugar e do esforço empreendido por Manoel Emídio de Sousa, Dr. Gregório Nazianzeno de Paiva, Noé Muniz Arnaud, Benício de Paiva Cavalcante, Pedro Lobo da Costa, Cícero Dutra de Almeida e Benedito de Paiva Cavalcante, dentre outros, objetivando a emancipação política, o então Presidente Interino Revolucionário do Rio Grande do Norte, Irineu Joffily, editou o Decreto nº 10, de 7 de Novembro de 1930, criando o Município, com a denominação de João Pessoa, em homenagem ao líder político da Paraíba, assassinado em julho do mesmo ano.
O decreto instituiu como sede do município a então Vila de Alexandria, que também passou a ser denominada de João Pessoa, criando-se, ainda, o Distrito Judiciário, integrante da Comarca de Martins.
Constituído por partes dos territórios de Martins, do qual era integrante, e Pau dos Ferros, o Município de João Pessoa foi instalado em 15 de novembro de 1930, ocasião em que foi nomeado e empossado seu primeiro prefeito, o senhor Noé Muniz Arnaud.
Seis anos após a criação do Município com a denominação de João Pessoa, foi restabelecido o nome Alexandria, concomitantemente com a elevação da Vila à Cidade, por iniciativa do Deputado Estadual João Marcelino de Oliveira, autor de proposição transformada na Lei nº 19, de 24.10.1936, sancionada pelo Governador Rafael Fernandes.
A mudança ocorreu com o objetivo de evitar as constantes confusões postais e comerciais com a capital paraibana, vez que a identidade de nome entre ambas as localidades provocava atrasos e extravios nas correspondências e mercadorias dirigidas à então Vila, as quais eram remetidas, antes, à homônima do vizinho Estado.
De igual modo, buscou-se restaurar a homenagem prestada à ilustre filha Alexandrina, na época já falecida.
Aspectos geográficos
Quando da sua criação, o Município apresentava uma área de 777 km², compreendendo os territórios dos atuais municípios de João Dias, Pilões e Tenente Ananias, criados em 1963, limitando-se, ao norte, com Pau dos Ferros e Martins (RN); a leste, com Martins e Catolé do Rocha (PB); ao sul, com os municípios paraibanos de Catolé do Rocha e Sousa; e, a oeste, com Luiz Gomes (RN).
O município de Alexandria possui uma área de 381,20 km², equivalente a 0,79% da superfície estadual, sendo, ainda, um dos maiores, em extensão, do Alto Oeste Potiguar, apresentando as coordenadas geográficas de 6º 24’ 45” de latitude sul e 38º 00’ 57” de longitude oeste, sendo de 319 metros a altitude da cidade-sede.
O Censo 2000, do IBGE, constatou que o município contava com população de 13.772 habitantes, a qual, segundo estimativa realizada em 2009, foi elevada para 14.151 habitantes.
Atualmente, Alexandria se limita, ao Norte, com os municípios de Pilões e Antônio Martins (RN); ao Sul, com o município de Santa Cruz (PB); ao Leste, com os municípios de João Dias (RN), Bom Sucesso e Brejo dos Santos (PB); e, ao Oeste, com os municípios de Tenente Ananias e Marcelino Vieira (RN).
Partindo de Natal, chega-se a Alexandria através da BR-304, até o município de Assu, seguindo em rodovias estaduais até alcançar a RN-117, que tem seu ponto terminal em Alexandria. Optando por cruzar a região do Seridó, são utilizadas a BR-304 e a BR-226, passando, depois, pelo município de Caicó, seguindo em direção ao Estado da Paraíba, até alcançar, novamente, o território potiguar, já no município de Alexandria.
O clima é muito quente e semi-árido, com a estação chuvosa se estendendo de fevereiro a maio e a precipitação pluviométrica anual correspondendo a 762,6 milímetros. As temperaturas médias anuais são de 33 °C (máxima), 28 °C (média) e 18 °C (mínima). A umidade relativa média anual é de 66%, com 2.700 horas de insolação