Diante da marca histórica de duas mil mortes em menos de um ano, a secretária de Segurança Pública do Rio Grande do Norte atribui a maior parte delas ao tráfico de drogas e às disputas entre facções criminosas, que dependem desse mercado ilegal. Do total de assassinatos, cerca de 78% estão relacionados com isso, afirma Sheila Freitas.
A secretária aponta o enfrentamento ao tráfico de drogas como principal passo para que o estado possa diminuir a violência nos próximos anos, mas considera que precisa de recursos e policiais suficientes para isso.
“Quando a gente faz um trabalho direto contra o tráfico de drogas, a gente reduz as mortes. Foi o que aconteceu em Parnamirim”, diz a titular da pasta. Sheila afirma que o municípioda Grande Natal teve a criminalidade reduzida após uma série de operações policiais que desarticularam grands quadrilhas. O problema é que o negócio migra.
Neste ano, Ceará-Mirim, também na região metropolitana da Grande Natal, despontou com uma alta de homicídios, atribuídos pelas autoridades policiais ao tráfico. Além disso, a começar pela morte de 26 apenados na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, o ano contou com muitas chacinas e casos de múltiplas mortes, lembrou Sheila, ligados também a essas disputas.
A secretária afirma que a polícia vem trabalhando sobre as manchas criminais (regiões com mais estatísticas de criminalidade), porém conta com poucos policiais. “O Estado tem um plano, mas não tem como torná-lo efetivo sem pessoal”, comenta.
Sobre essa demanda, ela afirma que o estado só poderá apresentar melhor resposta no segundo semestre do próximo ano. Até o fim de outubro, ela afirma, deverá ser lançado o edital com mil vagas para policiais militares. Os primeiros 500 devem ser convocados logo em seguida para o curso de formação e chegarem às ruas no segundo semestre do próximo ano.
Quando o assunto são os recursos financeiros, a pasta aguarda a liberação de um empréstimo do governo do estado com a Caixa Econômica Federal no valor de R$ 698 milhões. Desse total, R$ 50 milhões serão destinados para a Segurança, na recuperação de prédios e compras de materiais para as polícias e para o Corpo de Bombeiros. Porém ainda não há expectativa de quando esse dinheiro será liberado.
Perfil da vítima
De acordo com a Secretaria de Segurança do RN, o perfil da vítima de assassinato no RN é homem jovem, com idade entre 19 e 24 anos, solteiro, pobre, vítima de arma de fogo em 90% dos casos. “Estamos preocupados com o crescimento das mortes de crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos”, diz Sheila. *G1 RN