O presidente Jair Bolsonaro demonstrou irritação nesta quinta-feira com aqueles que cobram em redes sociais que o governo federal compre vacinas contra a Covid-19, chamando-os de idiotas e dizendo que só poderia comprar imunizantes “na casa da tua mãe”. — Tem idiota nas redes sociais, na imprensa, ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe! Não tem para vender no mundo! — disparou o presidente a apoiadores em Uberlândia (MG). Mais tarde, ao participar de cerimônia em Goiás, Bolsonaro classificou como “mimimi” as medidas adotadas por governadores e prefeitos para tentar frear a disseminação do coronavírus, responsável pela morte de mais de 1.900 pessoas somente entre terça e quarta-feira.
Bolsonaro por diversas vezes minimizou a pandemia, chegando a classificar a Covid-19 de “gripezinha” e afirmando que os brasileiros deveriam enfrentar o vírus “de peito aberto” e que o Brasil deveria deixar de ser um “país de maricas”. Ele também, por várias vezes questionou as vacinas, afirmando que não tomará o imunizante, e chegou a comemorar como uma vitória pessoal a breve interrupção dos testes com a vacina CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, feita pelo Instituto Butantan, determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após a morte de um voluntário em um suicídio não relacionado à vacina. Bolsonaro também disse que a CoronaVac não inspirava confiança devido à sua origem chinesa e chegou a garantir que o imunizante não seria adquirido pelo governo federal. Entretanto, o Ministério da Saúde já fechou contrato com o Instituto Butantan, vinculado ao governo do Estado de São Paulo, por 100 milhões de doses da vacina chinesa e negocia a compra de mais 30 milhões.
Além da CoronaVac, imunizante que deu a largada à vacinação contra Covid-19 no Brasil em 17 de janeiro e que já teve 14,45 milhões de doses entregues ao Programa Nacional de Imunização (PNI), o Brasil conta com 4 milhões de doses da vacina AstraZeneca com Universidade de Oxford importadas prontas da Índia. Essa vacina foi alvo de acordo formalizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligado ao governo federal, para o envase de doses no Brasil, mas com o atraso na chegada do insumo farmacêutico ativo (IFA) importado da China, nenhuma dose da vacina envasada no país foi aplicada pelo PNI até o momento.
Na quarta-feira, mais de um mês após o início da vacinação no país –que chegou a precisar ser interrompida em alguns locais por falta de doses– o Ministério da Saúde anunciou que pretende adquirir doses da vacina da Pfizer, já registrada pela Anvisa e que foi oferecida à pasta sem resposta no ano passado, e da Johnson & Johnson, que já tem autorização para uso emergencial nos Estados Unidos.