Usando uma técnica avançada de sequenciamento genético, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriram 84 mutações hereditárias que podem contribuir para as formas mais graves do transtorno bipolar. A abordagem é uma das primeiras a focar em variações raras no DNA de pacientes — a maioria dos estudos trata de alterações mais comuns. Divulgado recentemente na revista Archives of General Psychiatry, o trabalho dirigido por Fernando Goes, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da instituição norte-americana, abre um novo caminho para o desenvolvimento de abordagens voltadas para a suscetibilidade da doença.
“Estamos trabalhando a fim de reunir mais dados e colaboradores para que possamos definitivamente descobrir as causas do transtorno bipolar. Nossa pesquisa faz parte de um estudo maior, o Sequencing Consortium Bipolar, que está rastreando geneticamente milhares de pacientes com a doença no mundo inteiro”, contou Goes. Segundo ele, cada grupo de pesquisadores vai colaborar com 2 mil a 5 mil casos para compor o trabalho final, que deve ter 100 mil. “Uma vez confirmado que essas mutações raras estão associadas com o transtorno bipolar em outras amostras, o nosso plano será integrá-los com os dados das mutações mais comuns dos estudos genômicos anteriores para entender melhor as causas da doença”, adianta o autor.