Quinta-feira , Dezembro 5 2024
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“Não haverá mais chuvas este ano no interior do RN”, afirma titular da SEMARH

A esperança de que a quadra chuvosa se prolongasse mantendo os reservatórios do Estado abastecidos evaporou com o prolongamento da estiagem que assola o Nordeste. Sem as precipitações previstas para a região Oeste, e com previsão de chuvas insuficientes para o segundo semestre, o Governo do Estado já adota medidas de reforço. A Empresa de Pesquisa Agropecuária (Emparn) recomenda cautela e cidades em todo o RN estão apreensivas com o grave risco de desabastecimento.
A situação é tão grave que, em plena estação chuvosa, 153 municípios potiguares entraram em situação de emergência, o que forçou o Governo do Estado a renovar, por mais 180 dias, o decreto de emergência. Por conta da seca dos últimos quatro anos, o RN perdeu em torno de 340 mil animais de seu rebanho. Uma perda que representa cerca de 30% do total.

 

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No primeiro trimestre deste ano, os reservatórios do Estado apresentaram uma média de armazenamento de apenas 24% de sua capacidade. O açude Itans, em Caicó, com capacidade para 84 milhões de metros cúbicos de água; o Gargalheira, que tem capacidade para armazenar até 40 milhões de metros cúbicos de água, em Acari; e a barragem de Pau dos Ferros, que pode armazenar até 56 milhões de m³ de água, estavam totalmente secos. Já a barragem de Santa Cruz, em Apodi, que comporta 600 milhões de m³ de água, fechou o semestre com pouco mais de 30% de sua capacidade. O meteorologista da Emparn, Gilmar Bistrot, explica que apenas oito municípios da região do Seridó e de Angicos atingiram a precipitação normal esperada para o período. Ele ressalta que analisando o mapa das precipitações chuvosas durante o ano, a maioria dos municípios do interior do Estado está na categoria de seco a muito seco.
“De julho até dezembro não temos chuvas expressivas no interior do Estado, caracterizando um período seco. Não têm sistemas meteorológicos capazes de induzir a produção de chuvas no interior nessa época do ano. Já no litoral, temos ainda os meses de julho e parte de agosto com correntes de chuva, mas mesmo no litoral estamos observando a predominância de chuvas abaixo do normal”, avaliou Bistrot.
Bistrot diz ainda que através de previsões baseadas na atuação do El Niño, o fenômeno meteorológico esteve na categoria de maior intensidade, contribuindo para a falta de chuvas na região que enfrenta o quinto ano seguido de estiagem. Ele ressalta ainda que, analisando as temperaturas dos oceanos, é possível prever uma situação bem melhor a partir de novembro deste ano.
“Esse ano foi basicamente influência do El Niño, que provocou essa redução drástica das chuvas. E também das zonas de transição entre o período seco que tivemos de 2012 até 2016 por uma situação mais normal de ocorrência de chuvas que começa agora em 2017. Dependendo do comportamento da temperatura dos oceanos, acreditamos que a partir de novembro já tenha uma condição favorável para chuva. O Pacífico já está mostrando o fenômeno La Niña e o oceano Atlântico está oscilando de forma favorável”, acrescenta.
Essa também é a análise do secretário estadual de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Mairton França, que afirmou que o cenário continua o mesmo, com exceção do Seridó, que atingiu um pouco de recarga dos reservatórios. O restante dos municípios da região semiárida continua em situação muito preocupante. “Não haverá mais chuvas este ano no interior do Estado. Precisamos nos segurar até a quadra chuvosa de 2017 que, segundo as previsões, será melhor que a deste ano”, alertou o secretário. França ressalta que, com o reconhecimento da situação de emergência, o Governo do Estado poderá agir de forma mais rápida na compra de bens e materiais, bem como na contratação de serviços para as ações de combate aos efeitos da seca. “Estamos aguardando as análises e deliberações do Governo Federal, especialmente do Ministério da Integração Nacional, quanto aos repasses já sinalizados e à regularidade dos repasses para as obras que já estavam em andamento”, conclui o secretário.
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