A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que o vírus zika se propaga de “forma explosiva” e que o nível de preocupação é extremamente alto. A OMS ressaltou que a epidemia deve se espalhar pelas Américas, com exceção de Chile e Canadá, e que a China e outros países com casos de dengue devem ficar alertas a possíveis infecções por zika. Durante reunião do comitê executivo da entidade, realizado na manhã desta quinta-feira em Genebra, na Suíça, sua diretora-geral, Margaret Chan, defendeu a troca de informações sobre o surto da doença, que já atinge 23 países. Ela também disse que há muitas incertezas sobre a zika.
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— Queremos superar a lacuna científica sobre o vírus zika. Compartilhar informação será crucial — afirmou Chan.
Diante da gravidade da situação, uma reunião de emergência foi convocada para a próxima segunda-feira, em Genebra, para discutir a propagação do vírus. Especialistas vão decidir se a epidemia constitui “uma urgência de saúde pública de nível internacional”. O alerta foi publicado nos principais jornais do mundo nesta quinta-feira.
A OMS teme uma “associação provável da infecção com má formação congênita e síndromes neurológicas”, mas também “pela falta de imunidade entre a população nas regiões infectadas” e a “falta de vacinas, tratamentos específicos e testes de diagnóstico rápidos”.
Margaret Chan lembrou ainda que eventos climáticos alimentados pelo El Niño, que levam chuva e calor a áreas mais extensas, devem contribuir ainda mais para a o avanço da doença. Ela ressaltou que os maiores especialistas do mundo estão trabalhando juntos para confirmar a possível ligação do vírus com os casos de microcefalia.
— O nível de alarme é extremamente elevado. A chegada do vírus, em alguns casos, tem sido associada com um aumento acentuado no nascimento de bebês com anomalias cranianas — afirmou a diretora-geral da OMS.
A propagação da zika fez com que governos de todo mundo aconselhassem mulheres grávidas a procurarem regiões que ainda não tenham sido infestadas pelo vírus. O diretor-geral adjunto da OMS, Bruce Aylward, por outro lado, disse à imprensa que é importante que os países-membro da entidade não adotem medidas inapropriadas em relação a restrições de viagens e comércio.
— Essa é uma consideração importante da diretora-geral em convocar (o encontro) para garantir que não haja medidas inapropriadas tomadas por estados-membros em termos de viagens ou comércio. Essa é uma grande consideração da diretora-geral — afirmou.
Em editorial publicado nesta quinta-feira, o New York Times fez críticas à atuação da organização, que parece “cochilar” ao coordenar uma resposta internacional ao surto de zika. O jornal destaca a possível relação do vírus com casos de microcefalia, especialmente no Brasil, onde ocorrências da doença em bebês passaram de 147 em 2014 para 4 mil em 2015. O país “que sedia os Jogos Olímpicos” iniciou uma “extensa campanha para erradicar os mosquitos”, o que inclui o apoio de 220 mil oficiais do Exército, apontou a publicação americana. O NY Times ressaltou ainda que o Brasil teria aconselhado às mulheres evitar a gravidez até que o surto esteja controlado. O Ministério da Saúde, contudo, nega que essa seja uma recomendação da pasta.
NO BRASIL, OMS ESTIMA 1,5 MILHÃO DE CASOS DE ZIKA
O vírus zika pode infectar de 3 milhões a 4 milhões de pessoas nas Américas, incluindo 1,5 milhão no Brasil, estimou Marcos Espinal, diretor da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), entidade vinculada à OMS. Espinal disse que um estudo que ainda será publicado sugere uma correlação entre o zika e a microcefalia em recém-nascidos no Brasil.
— Não sabemos ainda se o vírus cruza a placenta e gera ou causa microcefalia. Achamos que tem algum papel. Não há dúvida sobre isso — disse Espinal.
No encontro em Genebra, o Diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, apresentou por telefone dados sobre os casos de microcefalia no país e ressaltou que o ministério trabalha apoiando institutos de pesquisa para desenvolver uma vacina.
Fonte: oglobo.globo.com